quarta-feira, 23 de abril de 2025

Dia mundial do livro

 


Todos os dias podem ser um dia para celebrar a leitura. 23 de abril foi escolhido por estar ligado à vida de duas figuras maiores, William Shakespeare e Miguel Cervantes. O dia serve para lembrar o valor da leitura na formação de uma vida que todos podem usar para se construírem com diferentes possibilidades. 

A leitura conduz experiências no mundo da ficção, mas não torna possível que tenhamos a mesma abordagem estética do que é lido, não nos devolve as palavras que devemos usar. Essas só podem ser nossas. É um campo de experiências, não é uma resposta de ideias absolutas. No fundo a leitura congrega informação, prazer, abandono a uma experiência momentânea de solidão com o leitor e um pouco também com o escritor. E, se no fim o leitor existe é porque ele encontrou algo que lhe prendeu a atenção. Daí pode nascer um ato de rebeldia, um isolamento, um esquecimento do formal quotidiano. Daí pode nascer um momento de liberdade, suspenso noutras latitudes, noutras afeições, num outro real. Existem muitos exemplos da leitura como algo que se conduz por essa fronteira. 

Os livros não mudam o mundo, disse Manuel Bandeira, apenas as pessoas e são elas que podem ajudar a mudar algo na sua própria vida. Costumamos pensar os livros como lugares fixados em bibliotecas, mas na verdade cada um de nós é uma biblioteca imaginária, cada um é uma história a construir-se, entre o vivido e o sonhado, o combatido e o criado. Tudo o que vivemos é feito de histórias. Instantes criados, vividos e embalados em momentos, onde lugares, geografias, atmosferas, objetos, pessoas se oferecem numa composição de múltiplas faces. As histórias, como nós, são os elementos multiplicados e recontados em diferentes momentos.

As Histórias. São elas que nos compõem. Dão-nos pontos de referência, alimentam-nos em geografias de impossível, ou em desejos de mudança, em respostas para o ocasional. Nelas sobrevivemos ou nos perdemos a compor aquilo que o real devia ser. São pois lugares, atmosferas, vivências do que amamos, das relações que conseguimos estabelecer. Sem elas não temos identidade, não temos um reconhecimento do mundo, pois elas são mais que o nosso nome, são as nossas propriedades  no real. As Histórias podem nos salvar e podem nos fazer naufragar. No fim as Histórias somos simplesmente nós. É um pouco por isto que o livro e a leitura devem ser celebrados e vividos.

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