terça-feira, 17 de dezembro de 2024

As histórias - três contos de Natal

 

 

Vivemos numa história, naquilo que de nós sabemos contar ou interrogar e toda a nossa relação com o mundo e com os outros é feita pelas narrativas que nos identificam, nos dão corpo, como um sinal que sabe identificar os nomes das coisas, aquilo que pode ser a nossa bússola no vasto mundo onde vivemos. O que faríamos se não nos identificássemos com algumas histórias, com o que de nós contam, como desejo ou inspiração de um caminho? Aquilo que para nós tem sentido, que conduz o nosso esforço e determinação são as nossas histórias. Viver é religarmo-nos às histórias de cada um. 


Contamos ou lemos histórias para criarmos aquilo que mais nos importa, uma emoção capaz de construir um lugar, ou só de imaginar o que pode ser cada um dos nossos gestos na difícil, espantosa e misteriosa forma que a vida nos dá a contemplar. Salvamo-nos com histórias, a sua experiência nas palavras, mas também podemos por elas perder algum sentido, sobretudo quando não sabemos interrogar pela nossa voz o que era mais decisivo ou pertinente. 

Nas histórias persistem os mistérios, formas de aprender a cultivar o coração e a sua sabedoria para o encontro com a emoção a fazer a pergunta essencial, de que modo e em que caminho? Não são elas a afirmar na vida breve, a durabilidade da arte, do que fica em cada tempo, para novas vozes, novas formas de  olhar para uma narrativa que nos emociona?

Nem sempre o consideramos, mas ler, contar, narrar uma história é oferecer um mundo possível, um mundo onde se pode habitar, onde se reconhece o outro, a sua diversidade e onde se cultiva o imaginário e as possibilidades da democracia. Ler, contar, narrar uma história é em si uma prenda contínua, um gesto de grande ternura para com quem ouve, poder estabelecer o seu próprio caminho, que é uma forma de reconstrução de olhar o mundo e de nele participar.

Na última semana de aulas, os professores Abílio Santos e Teresa Brandão ofereceram a diferentes públicos três contos de Natal. A sua leitura foi um momento de grande significado para todos os que ouviram, pois cada mundo individual pode ficar mais completo. É bom não esquecer que o nosso mundo é feito da linguagem que usamos e nestas leituras algo maior se apresentou a cada um. Foram apresentados os seguintes contos:

  • Michael Morpurgo, The best Christmas present in the world, London, Egmont Books, 2004.
  • Pearl S. Buck, Christmas day in the morning, 1955.
  • Susan Wojciechowski, The Christmas miracle of Jonathan Toomey, 2015.
A narração de um conto, a apresentação de uma situação temporal e espacial em que seres humanos expressam os seus sentimentos e se relacionam com o mundo pode apresentar-se ela própria, pela entoação, pela expressividade dada às emoções um momento de rara beleza. Pois esta importa muito por aquilo que associa a um tempo humano e que podemos recriar em cada um dos nossos instantes. 

Lidos em inglês e em português os contos oferecidos pelos dois professores foram um momento de reencontro com aquilo que importa mais, ver com o coração e talvez ainda seja possível acreditar nesse sonho antigo, pelo menos como forma para caminhar e saber ver o mais decisivo. E guardar a ideia que pelas palavras narradas se apreendem geografias interiores e formas de "ler" o mundo.

Um conto de Natal - A noite de Natal

 Os alunos do segundo, terceiro e quarto anos da ABL tiveram uma sessão de leitura com base no conto de Sophia de Mello Breyner Andresen, A Noite de Natal e a partir dela criaram um conjunto de ilustrações, das quais será construído um vídeo sobre os trabalhos realizados.

"Era uma vez uma casa pintada de amarelo com um jardim à volta. 
No jardim havia tílias, bétulas, um cedro muito antigo, uma cerejeira e dois plátanos. Era debaixo do cedro que Joana brincava. Com musgo e ervas e paus fazia muitas coisas pequenas encostadas ao grande tronco escuro. Depois imaginava os anõezinhos que, se existissem, poderiam morar naquelas casas. E fazia uma casa maior e mais complicada para o rei dos anões.


Passaram muitos dias, passaram muitas semanas até que chegou o Natal. 
E no dia de Natal Joana pôs o seu vestido de veludo azul, os seus sapatos de verniz preto e muito bem penteada às sete e meia saiu do quarto e desceu a escada. 
Quando chegou ao andar de baixo ouviu vozes na sala grande; eram as pessoas crescidas que estavam lá dentro. Mas Joana sabia que tinham fechado a porta para ela não entrar. Por isso foi à casa de jantar ver se já lá estavam os copos.


Quando se viu sozinha no meio da rua teve vontade de voltar para trás. As árvores pareciam enormes e os seus ramos sem folhas enchiam o céu de desenhos iguais a pássaros fantásticos. E a rua parecia viva. estava tudo deserto. Àquela hora não passava ninguém. Estava toda a gente na Missa do Galo. as casas, dentro dos seus jardins, tinham as portas e as janelas fechadas.  Não se viam pessoas, só se viam coisas. Mas Joana tinha a impressão de que as coisas a olhavam e a ouviam como pessoas."

Andresen, Sophia de Mello Breyner. (1989). A noite de Natal. Porto: Figueirinhas.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Filosofia para crianças / leituras - Os tesouros do Leopoldo (III e IV)

 No diálogo com a História Os Tesouros de Leopoldo fomos pensando e conversando sobre o que pode ser um tesouro e tal como o Leopoldo o que podemos pensar para colocar e juntar num frasco. Que coisas poderíamos juntar? Com algumas ideias as crianças ilustraram um frasco e pensaram em alguém a quem o oferecer, ou que sentimento poderia estar associado. Em baixo estão algumas dessas ideias e pensamentos em forma de desenho. 

E pensámos o que era juntar coisas (colecionar); onde encontrar coisas bonitas para oferecer a alguém de quem se gosta, como a família, ... e que coisas oferecer? as pedrinhas da praia, as folhas das árvores, o sol e as suas cores, o mar e o seu barulho, as estrelas e o seu brilho. Será possível oferecer essas coisas?.... E quais poderiam ser as mais interessantes, as escolhidas?

Com o seu tesouro tentaram exprimir que "coisas" poderiam colecionar ou pensar. Em baixo alguns dos tesouros e os seus pensamentos. 

 


 
 
Escola Básica de Touguinha (JI e 3.º ano)

Atividades de leitura - A maior flor do mundo II

 

 
A partir da leitura de A maior flor do mundo, os alunos da turma do 4.º ano da Escola de Touguinha pensou no valor das palavras deste conto e imaginou uma ilustração que construísse visualmente um dos excertos do conto. A partir delas foi possível "ler" a viagem deste menino e desta flor e do seu sonho que José Saramago nos deixou.

Frame 1 - "Na história que eu quis escrever, mas não escrevi, havia uma aldeia...

 

Frame 2 - ... sai o menino pelos fundos do quintal, e, de árvore em árvore, como um pintassilgo, desce ao rio...

 

Frame 3 - Em certa altura, chegou ao limite das terras onde se aventurara sozinho. Dali para diante começava o planeta Marte.


Frame 4 - Resolveu cortar a direito pelos campos, entre extensos olivais, ladeando misteriosas sebes cobertas de campainhas brancas...


Frame 5 - ... foram rareando as árvores, e agora havia uma charneca rasa, de muito ralo, e no meio dela uma inóspita colina redonda como uma tigela voltada.


Frame 6 - Era só uma flor. Mas tão caída, tão murcha, que o menino se achegou, de cansado.

Frame 7 - Desce o menino a montanha, atravessa o mundo todo. Chega ao grande rio Nilo.

Frame 8 - O menino adormeceu debaixo da flor.

Frame 9 - Sai a família e mais vizinhos à busca do menino perdido.

 

Frame 10 - ... era quase sol-pôr quando levantaram os olhos e viram ao longe uma flor enorme...

 

Frame 11 - ... e deram com o menino adormecido.

 

 Ilustrações - alunos do 4.º ano, da escola de Touguinha. 

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Dia Internacional dos Direitos Humanos

 

Concurso de leitura 24/25 - fase de escola

 

 
 
A biblioteca escolar em colaboração com a disciplina de Português e com os professores titulares do 4.º ano vai organizar um concurso de leitura a decorrer na sua fase escolar durante o 2.º período.
Os livros escolhidos são os seguintes:

1.º Ciclo: Conto, "SIncelo, Estrada de Inverno", retirado do livro A folha do limoeiro, de Mónica Baldaque.
2.º Ciclo: O Rapaz de bronze, de Sophia de Mello Breyner Andresen.
3.º ciclo: O Espelho Veneziano, de Mónica Baldaque.