Vincent Van Gogh criou este quadro quando o seu sobrinho nasceu e com ele procurou sistematizar a ideia de um florescimento que se abre e se desenvolve com o crescimento da vida. É uma boa metáfora para o que significa uma biblioteca e o ato da leitura.
A biblioteca é o mais belo lugar do mundo. Promove a integração de todos, atende àquilo que cada um procura para ler e a leitura pode assumir muitas possibilidades. A biblioteca liberta cada um do mundo, do meio social, do barulho, da organização do quotidiano, das suas regras. Ela é uma espécie de divindade pois concentra o espaço e o tempo de tantos que deixaram uma palavra para nós. E, cada vez mais ela tenta ser um elemento de construção de uma comunidade.
Os livros são assim os elementos de um ritual de silêncio e descoberta, os instrumentos para a construção dum paraíso, essa divindade, de que tanto carecemos, justamente as bibliotecas. Com elas e neles vivemos momentos, como respiração de recolhimento e reflexão. É dos livros e do seu silêncio ordenado que recebemos essa energia que nos permite descobrir em poucos anos universos inteiros. É pelos livros, pelas suas palavras, que damos peso, estrutura ao que somos. É na respiração das palavras que anunciamos as formas como que vemos o mundo, e somos muito, “aquilo que as palavras ouvem” (Manuel António Pina) e é por isso que eles são a mais bela forma de registar o mundo e as suas cores.
Conquistar leitores é assim algo de uma grande beleza, porque representa a construção de um caminho pessoal, uma árvore que importa para cada um, para o seu tempo. Neste ano letivo penso que se conquistaram alguns leitores e isso é o que mais importa continuar a construir. Pois ler é sempre um ato de poder. Alguns desconfiam, outros ainda não o sabem, mas o tempo dar-lhes-á essa voz que é única em cada um.
Com esta publicação encerramos o ano letivo 2024/2025 no que diz respeito a esta equipa da biblioteca. É assim o ponto final de uma ideia múltipla sobre a própria ideia de biblioteca e que aqui se desenvolveu durante este ano letivo. Fizeram-se múltiplas publicações, com diversos tipos de material, em diferentes suportes, texto, áudio, vídeo, por onde se tentou articular com os conteúdos / áreas de estudo de diferentes anos. "Junqueira a Ler" tentou dar continuidade ao projeto que já existia e procurou ser uma plataforma digital, onde se trocaram ideias, experiências, vivências e emoções.
Divulgaram-se atividades, iniciativas e alimentaram-se projetos relacionados com a leitura e com o digital. Usou-se a palavra para imaginar, sonhar, transformar ideias, valores e pensamentos. Tentámos reescrever as memórias com as palavras e os sonhos de poetas e criadores, a que juntámos muitas experiências feitas com e pelos alunos. Sobre a qualidade do que foi feito será melhor que tal avaliação seja feita por quem a consultou ou utilizou num processo de difusão da informação e de diferentes literacias.
Um desejo final. Que a ideia possa ser continuada e que outros possam-lhe melhorá-la com novas abordagens. A biblioteca como espaço de utilização dos alunos e o seu reconhecimento como valor essencial ao serviço dos seus utilizadores é aquilo que melhor se pode construir como suporte para que ela seja uma componente essencial da escola. Aos que nos visitaram e sobretudo aos professores e alunos que colaboraram neste espaço digital, testemunho de uma experiência colaborativa, um muito obrigado. Desejo pessoalmente a todos felicidades para os dias a seguir, e como disse Sophia que eles sejam possíveis de construir algo de belo e de substantivamente justo.
Imagem: Vincent Van Gogh, Amendoeira em flor, 1888-1889, in Van Gogh Musueum.
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