"Terra azul, lua laranja: a primavera enfeitava-se
para a sua primeira aurora. Miyuki, já a pé,
corria descalça entre as áleas do jardim. Queria
ter a certeza de que tudo estava a postos.
- Levanta-te, Avô, levanta-te: O dia despertou antes de ti!
- Espera, Miyuki. O dia não se vai já embora. Deixa-me
aproveitar a minha almofada macia e os primeiros
raios de sol que me entram pela janela.
- Olha que perdes o último luar de inverno: Depressa, Avô!
Levanta-te, para ainda o apanhares!
O avô seguiu Muyuki no carreiro. Curvando-se ao vento ainda frio, os dois saudavam as flores que desabrochavam.
- Bom dia, cerejeira! Bom dia, erva-doce!
Bom dia, botões de flores!
Miyuki saltitava e o Avô apressava-se atrás dela.
Porém, entre o musgo, uma pequena flor preguiçava,
ensonada, e parecia ignorar o canto da primavera.
- Acorda, pequena flor, acorda!
- Espera, Miyuki. Nem todas as flores dançam ao
mesmo tempo. Esta é frágil e preciosa, está à espera
da água mais pura para acordar as suas pétalas."
Galliez, Roxane Marie; Ratanavanh, Seng Soun. (2020). Espera, Muyuki. Lisboa: Orfeu Negro.
(leitura realizada com as crianças do 1.º ano - ABL)
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