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Na memória de Sophia

Na memória de Sophia de Mello Breyner Andresen:

(Porto, 06.11.1919)

Nos tempos de utilidade em que vivemos a dimensão poética tornou-se algo quase despercebido, pouco considerado. E, no entanto, estamos muito carentes de encontrar na beleza o suporte para representar pela arte no seu sentido geral, a nossa dimensão poética. Sophia que nasceu num seis de novembro falou-nos muito disso, dos valores espirituais, como suporte a uma cultura de alma.

Ver com essa graça é um dos testemunhos da sua obra poética e para crianças. E nesse sentido todos, ou talvez alguns poderíamos procurar olhar aquilo que ela chamou "o tempo inteiro", a visão poética do mundo e uma forma de o viver. A poesia como uma forma específica e substantiva concreta de existir, foi um dos seus caminhos na vida, como se a forma de olhar o mundo pudesse ser uma forma de existência desse tempo inteiro.

Um baloiço rente ao chão e ao mar, como um espaço de tempo, onde a liberdade se povoa de um pensamento feito do que existe. Com Sophia há tudo ainda para aprender, nesse programa de uma palavra para nomear o mundo, ou como ela o disse, "a beleza que o homem tem o dever de criar". Podia ser um sinal para outas possibilidades, outro tempo para essas cidades acima do caos e das suas sombras.

"Há uma beleza que nos é dada: beleza do mar, da luz, dos montes, dos animais, dos movimentos e das pessoas. Mas há também uma outra beleza que o homem tem o dever de criar: ao lado do negro da terra é o homem que constrói o muro branco onde a luz e o céu se desenham. A beleza não é um luxo para estetas, não é um ornamento da vida, um enfeite inútil, um capricho. A beleza é uma necessidade, um princípio de educação e de alegria. Diz S. Tomás de Aquino que a beleza é o esplendor da verdade. Pela qualidade e grau de beleza da obra que construímos se saberá se sim ou não vivemos com verdade e dignidade. A obra do homem é sempre um espelho onde a consciência se reconhece."

Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Entrevista Jornal Távola Redonda, Janeiro de 1963.

Imagem, Sophia de Melo Breyner Andresen - desenho de Arpad Szènes.

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